Não pretendo aqui ficar perdendo
tempo, tentando provar-lhes a verdade genérica de que Deus é o soberano mundo criado por ele. Isso é desnecessário, pois eu
sei que, se você é cristão, já crê nisso. E como é que eu sei disso?
É que eu sei que, se você é cristão, então
certamente você ora; e o que sustenta as suas orações é o reconhecimento da
soberania de Deus. Pela oração, intercede por certas coisas e agradece
por outras. E por que você age assim? Porque reconhece que Deus é o autor e fonte de
todo o bem que já tem experimentado na vida, e de todo o bem que espera para o
futuro. Esta é a filosofia essencial da oração cristã.
A oração do cristão não é nenhuma tentativa de forçar a mão de Deus, mas um
humilde reconhecimento da nossa impotência e dependência. Quando nos colocamos
de joelhos, é porque sabemos muito bem que não somos nós que controlamos
o mundo; não temos, portanto, o poder de satisfazer as nossas
necessidades pela nossa própria força; tudo de bom que desejamos para nós
mesmos e para os outros deve ser solicitado das mãos de Deus, quando o obtemos,
se é que o obtemos, será como um presente das suas mãos. Se isso é verdade
até mesmo no que se refere ao nosso pão diário (e a oração do Senhor nos
ensina que é), muito mais, no que diz respeito aos bens espirituais. Isso tudo é
claro e radiante para
nós quando oramos de verdade, não importa o quanto possamos contradizer-nos
por argumentos posteriores. Consequentemente, portanto, o que fazemos toda vez que
oramos, é confessar a soberania de Deus e a nossa própria impotência.O próprio fato do cristão orar é, assim, prova de que crê, sim, na
soberania do seu Deus.
Fonte: (retirado do Livro A Evangelização e a Soberania de Deus 2002 Editora Cultura Cristã. Publicado em 1961 em inglês com o título Evangelism and Sovereign of God de J.I.Packer)